Permafrost é uma camada de gelo, rocha e matéria orgânica que se encontra abaixo de 0ºC por pelo menos dois anos consecutivos
Permafrost, ou pergelissolo, é uma camada formada por gelo, rocha e matéria orgânica que se encontra abaixo de 0 ºC por pelo menos dois anos consecutivos na região ártica e antártica. A palavra permafrost é inglesa, e, etimologicamente, vem do latim, em que Perm significa permanente e frost, congelado. Além disso, em português, ele também pode ser chamado de solo permanentemente congelado.
Originalmente encontrado em países do Hemisfério Norte, como Islândia e Noruega, o permafrost começou a ficar conhecido mundialmente no contexto das mudanças climáticas. Quando derrete nessas áreas – devido ao aumento da temperatura global – causa impactos significativos ao meio ambiente.
O que acontece se o permafrost descongelar?
O permafrost é um tipo de solo congelado, uma camada relativamente grossa, podendo atingir até 300 metros de profundidade. O topo dessa camada ativa é constituído basicamente por gelo e neve. No verão, o derretimento da neve leva a água sobre o permafrost para as regiões vizinhas, tornando-as pantanosas. Com essa distribuição de água, são encontradas árvores no pergelissolo. Apesar disso, seu significativo estoque de carbono não está em vegetação crescida, e sim abaixo da camada de gelo.
Por ser muito gelado, o trabalho de decomposição das bactérias e fungos presentes no pergelissolo acontece lentamente. Mas, no contexto das mudanças climáticas, o derretimento desse tipo de solo está ocorrendo de forma acelerada nos últimos anos. O resultado é uma decomposição de matéria orgânica cada vez mais alta. Esse fator pode liberar grandes quantidades de carbono e gases do efeito estufa na atmosfera.
Metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) são gases com potencial risco climático significativo, os principais gases liberados na decomposição do pergelissolo. Estudos mostram que a quantidade de CO2 no solo permanentemente congelado, há milhares de anos, chega a ser até duas vezes maior que o presente na atmosfera.
Uma outra pesquisa apontou que o planeta Terra pode entrar em estado de efeito estufa permanente caso o permafrost continue derretendo a altas taxas e não permaneça congelado.
Isso se agrava com a perda de hidratos de metano no solo oceânico e a redução de florestas tropicais. Estes são locais que estocam carbono e que podem atingir um ponto de colapso, liberando essas reservas para a atmosfera, podem acelerar ainda mais o aquecimento global.
Minerais de ferro
Outros pesquisadores relatam, ainda, como a situação pode ser mais preocupante do que se imagina. Uma pesquisa, que analisou uma área do pântano em Abisko, no norte da Suécia, observou que bactérias impossibilitam a capacidade de captura de carbono pelo ferro, resultando na liberação de quantidades bem maiores de CO2. Acreditava-se, anteriormente, que o ferro, presente no solo, se ligava ao carbono mesmo com o degelo do permafrost.
“O que vemos é que as bactérias simplesmente usam minério de ferro como fonte de alimento. À medida que se alimentam, as ligações que mantinham o carbono capturado são destruídas e ele é lançado na atmosfera como gás de efeito estufa“, explica o professor Carsten W. Müller, da University of Copenhagen.
Os pesquisadores ainda não têm certeza da quantidade de carbono extra que o solo pode liberar. Mas sem dúvidas há uma nova grande fonte de emissões de CO2 que precisa ser incluída nos modelos climáticos.
Por que o permafrost é uma ameaça à saúde humana?
O permafrost conserva microrganismos porque é frio, sem oxigênio e escuro. Em outras palavras, isso significa que ele pode manter vivos micróbios que infectam seres humanos e animais. Sendo assim, além do problema das emissões de gases do efeito estufa, o derretimento do permafrost pode trazer de volta antigos vírus, bactérias e fungos. Como se não bastasse a pandemia de coronavírus, a humanidade poderá conhecer doenças igualmente nocivas ou até piores.
Uma prévia desse cenário aconteceu em 2016, em uma parte remota da Sibéria, no Ártico. Como relata a BBC, um verão excepcionalmente quente em 2016 descongelou uma camada de permafrost. O derretimento revelou a carcaça de uma rena infectada com antraz cerca de 75 anos antes.
A doença chamada de antraz ou carbúnculo é causada por uma bactéria, Bacillus anthracis. No caso citado, a bactéria se espalhou pelos suprimentos de água e de comida da região e também chegou ao solo. Um menino de 12 anos morreu da infecção, assim como 2,3 mil renas. Dezenas de pessoas ficaram doentes e hospitalizadas.
De acordo com um estudo, bactérias resistentes à antibióticos, vírus desconhecidos, elementos radioativos e metais pesados podem ser liberados com o derretimento do permafrost, causando diversos prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana.
Por fim, o derretimento do permafrost deve danificar edifícios e estradas, levando a dezenas de bilhões de euros em custos adicionais em um futuro próximo, de acordo com uma revisão internacional coordenada por geógrafos finlandeses.